terça-feira, 21 de dezembro de 2010 | By: Rodrigo Pael

A Verdade sobre os Impostos e sobre Você

Por um Estado cada vez maior
                 Antes de qualquer coisa, quero advertir o leitor sobre as expectativas do já iniciado texto: não pense que encontrará aqui alguma formula matemática de saber o quanto você paga de imposto ao comprar seu carro novo, o seu cigarro, a sua cerveja, ou até mesmo o que já fica retido na fonte, pelo contrário, este texto é um manifesto em favor dos 36% do Produto Interno Bruto (soma de todas as riquezas produzidas no país) que é pago ao governo, por meio dessas modalidades de cobranças. 
            De tempos em tempos, as federações das indústrias, empresários e ricos brasileiros utilizam os meios de comunicação para convencer as camadas mais populares da população a se posicionarem contrárias ao pagamento de impostos, e pior, por vezes conseguem, já presenciei pessoas sem nenhuma movimentação bancária fazerem discursos inflamados contra a saudosa CPMF, Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira, ou seja, cidadãos que apenas iriam se beneficiar com os R$ 400 bilhões a serviço de investimentos em saúde pública, além de fornecer um poderoso instrumento para investigações de sonegações fiscais.
                 Grande parte dos tributos brasileiros são retidos na fonte, logo os contribuintes nem sentem este pagamento, e este valor vai para  investimentos públicos, escolas, hospitais, delegacias. O interessante é que quem a prega a diminuição de cobranças governamentais é justamente quem não precisa de escolas, hospitais públicos, e que paga segurança privada. Então a quem interessa diminuir a possibilidade do Estado de atender a grande maioria da população? Por que você defende diminuição de impostos que, ora você nem paga, ora nem sabe que paga? Acreditar que lutar para diminuir impostos beneficiaria uma maioria, é uma ideologia da minoria dominante, como são todas as ideologias.
                 Prego aqui algo polêmico, a criação de novos impostos, semelhante a CPMF, que mexa no bolso de realmente quem tem grana, como por exemplo, um que recolha sobre grandes fortunas, como já acontece nos Estados Unidos, e outro sobre heranças, outro bom exemplo americano, dinheiro a serviço do bem público. Mas apenas mais impostos não basta...
                 Ai que entra a verdadeira luta, existem instrumentos, e o Ministério Público é um deles, para que nós cumpramos nosso verdadeiro papel, cobrar a aplicação desses recursos, com menos burocracia e mais eficiência, com a participação popular, com resultado, isso sim é servir ao interesse público. 

terça-feira, 14 de dezembro de 2010 | By: Rodrigo Pael

Homenagem a um quase desconhecido

Mesmo com traços delicados e olhos claros, ainda não era bonito, seu olhar, os dentes para frente e a atrofia em um de seus braços e em uma de suas pernas, que já denunciavam alguma deficiência motora. Lembro que quando éramos crianças, ou pré-adolescentes, algo me foi explicado neste sentido, acho que era paralisia cerebral, não que isso o atrapalhasse, não mesmo...
Ele jogava bola conosco, não me lembro do seu nome, era ligeiro. Para driblar as limitações tocava a bola de maneira rápida e certeira, seus colegas o tratavam, e ainda o fazem, com muito carinho, nada em excesso, não é caridade, é uma normal simpatia e carisma.
Depois de algum tempo resolvi, racionalmente, ficar mais recluso, sempre preocupado com meu futuro, voltei-me para dentro de mim, para os estudos e não tenho do que reclamar, mas perdi contato... Voltando a história do rapaz, não é que me surpreendo com a presença dele na mesma universidade que eu, ele cursava direito, e eu jornalismo. Esta nova etapa na vida dele, me fazia pensar na minha, será que eu cursaria uma faculdade com tais limitações?
Sou reclamão, mal humorado, mas aprendo muito com a observação, aprendo mais assim que em toda a minha vida acadêmica, parece que a graduação e o  mestrado me serviram para dar nome as coisas e sensações que já me foram ensinadas... No final do meu curso, andando pela rua de minha vila, em Campo Grande (MS), o vi novamente, passou ligeiro dirigindo um uno vinho, ou seja, agora, de alguma forma, ele dirigia, ia para a Universidade de carro, na mesma velocidade que passava pelas ruas e esquinas, ultrapassava as dificuldades sem as enxergar. 
Bom, chegamos ao fim deste texto, mas não ao último capitulo desta história de sucesso. Há algum tempo o vi acompanhado de uma jovem entrando na academia onde freqüentava, simpático, mancava levemente, imperceptíveis... dificuldades não o impediam de realizar os exercícios, terminado, sorriu aos amigos, fechou a cara aos desconhecidos, se despediu da recepcionista e foi embora... você ia comentar de algum problema seu? Qual era mesmo? Esqueceu? Tudo bem, hoje eu também esqueci de alguns...
sábado, 11 de dezembro de 2010 | By: Rodrigo Pael

Caro deputado eleito Tiririca,

Seu destino já está sendo traçado no submundo da política, a intenção agora é que, sem maquiagem e sem peruca, o senhor passe despercebido pela Câmara dos Deputados. A matemática é simples, Vossa Excelência já elegeu quem tinha que eleger, feriu o ego de políticos tradicionais, e tanto os eleitos como os de fora travam uma disputa para ver quem fica com as vagas, nesta equação, o humorista, ou o palhaço, como adotou a imprensa, fica de fora.
Na cabeça desses estrategistas o vosso futuro está definido, o ostracismo daqui quatro anos. Porém, existe a possibilidade deste quadro ser bem diferente, e um relevante papel pode ser prestado aqueles mais de um milhão de eleitores de São Paulo que, por algum motivo, apertaram nas teclas das urnas uma seqüência fácil do algarismo ‘2’ e, por conseguinte, depositaram em Vossa Excelência, um voto de confiança.
Para que o trágico quadro evidenciado sobre vossa carreira política mude, um ator deve ser fundamental, Vossa Excelência. Brasília, além das negociatas sujas, do dinheiro sem origem, da má fama de corrupção, tem uma gigantesca gama de oportunidades para se angariar recursos e, por meio de obras, edificações e custeio, melhorar a qualidade de vida da população.
Nos Ministérios há recursos programados para investimentos como: Praças, parques, asfalto, creches, casas, esgoto, abastecimento de água, reformas, dentre outros que, por vezes, não se tornam realidade pela deficiência de nossos representantes políticos. Uma das mais importantes funções de um parlamentar é capilarizar esses recursos atendendo as camadas mais carentes que residem na sua base, garantindo reconhecimento eleitoral, mas também equipamentos públicos para a coletividade.
Além disso, existem as emendas individuais que, fora as de bancada e de comissões, perfazem o valor de R$ 12,5 milhões que Vossa Excelência determina a aplicação, esses recursos podem impactar a vida de centena de migrantes nordestinos que, como o deputado, veio tentar a vida no Sudeste.
Também é importante ressaltar que a Câmara dos Deputados abre espaço para a defesa de temas que podem se tornar bandeiras suas como: o combate a miséria, ao preconceito contra os nordestinos, o investimento em cultura e arte circense, como também uma série de outras temáticas. Vossa Excelência pode utilizar os espaços para proposições, como aproveitar as suas intervenções, por meio de pronunciamentos.
Com os motivos expostos a cima, quero convidar a uma reflexão, não sei até que ponto Vossa Excelência coordenou a campanha e as articulações políticas, mas a partir de agora este mandato, que leva o Vosso nome, é do povo de São Paulo e, homens e mulheres de bem, esperam contar com Vosso trabalho.

sábado, 4 de dezembro de 2010 | By: Rodrigo Pael

Não era apenas um café

Minha mãe anda freqüentando muito os meus textos, mas vamos lá...
Em um sábado de manhã, na casa de meus pais, acordei cedinho e fui deitar na cama de minha mãe, meu pai já havia acordado, e fazia sutis barulhos na cozinha, estava preparando nosso café. Fui deitar com minha mãe para aproveitar o carinho sem toque que é especialidade dela, mesmo assim, quando estou lá, me sinto amado.
Para minha frustração, ela já havia levantado, e por sinal já estava toda serelepe, em atividade, ‘á mil pelo Brasil’, como diz o outro. Mas por algum motivo se negava a sair do quarto, aproveitando, alertei a ela que meu pai já estava na cozinha e o café já deveria estar pronto, poderíamos ir até a cozinha, ajudá-lo e tomarmos o café todos juntos. Não, ela não queria, apesar de amplamente despertada, não queria sair daquele ambiente.
Minha mãe chegava duvidar de minha inteligência, era perceptível que não havia nada a fazer naquele quarto, não havia motivo aparente para estar lá... aparente.  Não mais que de repente, meu pai apareceu na porta, o sol e a claridade o seguiam nas costas, seu sorriso se confundia com aquela luz, porta branca, paredes verdes, café em uma pequena xícara nas mãos. Ambos, apesar de respeitarem minha intelectualidade , sorriam como se compartilhassem  algum segredo  e naquele dia especial, resolveram dividir comigo...
‘Este café tem que ser no quarto’, confidenciou minha mãe feliz. Um pequeno segredo de um casamento de mais de 3 décadas, um casamento feliz, mas não mistificado, um casamento normal, com problemas, erros e  acertos, um  verdadeiro exemplo, aparentemente já sendo seguido, um dia farei o mesmo.
Parece que naquela casa, acordar ainda é algo especial. Lembro-me com saudade de quando acordava ás 5 e meia da manhã, tomava banho, me arrumava para ir para a escola, pegava o meu som, entrava sorrateiramente no quarto do meu irmão e ligava o rádio na 104,7, tinha certeza que lá estaria tocando uma boa e tranqüila música para acordar, acho que ele gostava.
Meu irmão casou, ele e sua mulher fazem, em outra casa, um amanhecer especial, na casa de meus pais eu continuei, acordando cedo e depois do banho, meu café já estava pronto, minha mãe ainda dormia, até lanche para levar para o trabalho ainda  tinha, chá, manteiga no pão integral e caseiro  - obra de minha mãe, o melhor pão do mundo -  e lá ia eu trabalhar.
Tudo isso é saudade, faz mais de  um ano que cheguei em Brasília, atualmente meu amanhecer tem outros sabores, mas ainda há um gosto do acordar em Campo Grande nos braços de minha família latente em minha boca.

Versinhos “S”

Sonho ser sopro,
Suave, sem sobressaltos, saber sem sufocar,
Socorrer santos, sábios, soturnos,
Sempre sem sarcasmo, sem sombras, sem suor.
Sem sangrar, sem ser severo, solto...
Salvaguardar sinceramente o simples,
Só sacudir as sobras, sapatear  sereno,
Sentir sem sofrer, só sentir.
sábado, 27 de novembro de 2010 | By: Rodrigo Pael

Como sair de uma crise emocional?

As vezes aprendo mais por meio da observação, que por meios científicos...
Os seres humanos mais equilibrados que já conheci, por um motivo, ou por outro, de amor a problemas financeiros, já passaram por crises que quase beiraram ao desequilíbrio. Analisando essas pessoas, além de uma auto investigação ao longo dos meus 27 anos, sistematizei uma forma básica para passar por alguns momentos de dor, de forma um pouco mais saudável. Tendo compartilhado esta minha opinião com vários amigos e amigas, resolvi registrar e divulgar neste blog os pilares que sustentam esta dica.
Por vezes me sinto meio preguiçoso, logo, para me manter ético e conseguir transpor situações que demandam maior preocupação, estabeleço regrinhas simples e tento cumpri-las, e foi o que aconteceu com as dicas que passo a descrever agora.
Acredito que para enfrentar fatos chocantes ao nosso emocional temos que percorrer três passos: sinceridade consigo; sinceridade com os outros; equilíbrio espiritual.
Parece simples, mas não é. Assumir para si mesmo que não está bem, enfrentar de frente limitações, fazer ouvidos moucos ao seu ego, ao seu orgulho, adentrar as profundezas da sua garagem interior, aquela, empoeirada e mofada, desorganizada e suja onde estão guardados os seus segredos, pensamentos ruins, infernos, tudo aquilo que você não gostaria de contar para ninguém, realmente não é um exercício fácil, mas quando se enfrenta crises, é necessário admitir a verdade: 'não estou bem', este é o primeiro passo. Ufa!
Racionalmente então, olhando no espelho, você está consciente, sou um ser humano normal, tenho limitações e assim provo minha humanidade, por isso passo por problemas como todos. O diferente é que assumi isso. O segundo passo é, efetivamente pedir ajuda, sinceridade para com os outros, amigos, família, aqueles que você tem certeza que te amam, aqueles que estarão do seu lado, te cercando de amor e carinho. Certamente, na companhia dessas pessoas, tudo ficará mais fácil.
O terceiro e último passo (lembrando que depois deste o próximo é a total superação da crise emocional), é o equilíbrio espiritual. Por muitas vezes baseamos nossa auto estima no equilíbrio financeiro, profissional, mas às vezes a conjuntura política faz com que passemos por dificuldades, mesmo assim continuamos equilibrados emocionalmente e psicologicamente, mas pode acontecer algo que abale esta estrutura. Quando tudo isso acontece, temos a impressão de que não há mais em que se apoiar, aí está o engano, seja por qual forma você organiza a sua fé, por meio de religiões ou não, todos temos um lado místico, o equilíbrio espiritual, que nos mantém leves.
Para manter tal equilíbrio é fundamental um contato com a nossa divindade sobrenatural, para a maioria dos possíveis leitores deste texto seria um diálogo com Deus, uma intensa e continua, durante todo o dia, conversa com Deus, buscando dentro de si um encontro com a espiritualidade e com a leveza da existência.
Acredito firmemente que, com essas singelas dicas, posso colaborar com alguém em estado de dor, a passar por alguma dificuldade de maneira mais segura e bem apoiada, até a próxima.

sábado, 20 de novembro de 2010 | By: Rodrigo Pael

A República da Decoreba

O Brasil está virando uma verdadeira República da Decoreba. A primeira pessoa que vi evidenciar os malefícios da multiplicação dos concursos públicos no País foi o ex-deputado federal e presidente do PTB, Roberto Jefferson, não que o carioca deva ser citado sempre, pelo contrário, mas esta particular análise procede.
Há algumas semanas fui para Campo Grande (MS) e lá recebi um telefonema de um grande amigo, que hoje mora em Porto Alegre (RS), discutimos sobre a busca pela estabilidade financeira proporcionada pelo funcionalismo estatal, foi neste momento que fui lembrado da observação de Jefferson.
Acredito que a ampliação de concursos responde a uma demanda programática e idearia do atual governo, aumentar o tamanho do estado e capilarizar as ações públicas, regularizando o trabalho de funcionários do estado e aproximando os direitos à serviços, daqueles que mais necessitam. Sou partidário desta intenção, mas acredito que algumas ressalvas devem ser feitas.
Em nível nacional, diversos talentos não serão descobertos, ou não produzirão o que poderiam para o país porque escolheram buscar a estabilidade do concurso. Muitas intelectualidades podem, neste momento, estarem condenando, a si próprios, à funções técnicas que não os estimularão em suas potencialidades, mesmo essas funções sendo de fundamental importância.
Imagino que gênios da matemática podem estar agora, a disposição da manutenção de computadores em repartições públicas, que possíveis doutrinadores da ética podem estar analisando processos intermináveis e burocráticos e ainda, biólogos revolucionários podem estar a caminho da fiscalização de parques ambientais.
Na mesma lógica, está sendo criada uma elite dos concursados, que adquirem maior importância social por meio do acumulo de informações, por vezes, por meio da decoreba. Esta casta acaba também sendo imponderada a realizar tarefas que os concursos não a preparou.
Ouvi esses dias um desabafo de uma servidora em cargo comissionado do PNUD - Programa das Nações Unidas – que prestava serviço para o Inep, órgão do Ministério da Educação, responsável, dentre outras tarefas, para a formulação do ENEM, o exame do ensino médio. A funcionária, que não quis se identificar, relatou que em 2009, quando assumiram os concursados na instituição, ela e seus colegas comissionados, se colocaram a disposição dos recém chegados para passar experiências, ninguém se prontificou, e desde então, o ENEM vem apresentando falhas.
A intenção aqui não é imputar culpas, mas sim demonstrar que a prova de concurso não garante eficiência, que a estabilidade não garante realização e que você, talvez tenha um papel muito maior a prestar.