sexta-feira, 2 de novembro de 2012 | By: Rodrigo Pael

Extra, extra! A maior equilibrista do mundo completa 60 anos!


Ao equilibrar experiência e humildade, minha mãe entra em qualquer ambiente iluminando a todos como um agradável feixe de luz. Professora por mais de 20 anos, ensinou centenas de alunos, sempre equilibrando conhecimento científico e carinho. Lembro com emoção daqueles pequenos estudantes que, prestes a serem expulsos da escola, eram convidados a passar um final de semana em minha casa para ter uma densa conversa sobre comportamento, família, exemplos e valores. O padre Fábio de Melo, em uma de suas músicas, afirma que Deus ama mais os piores homens deste mundo. Minha mãe parecia amar os alunos mais terríveis.

Minha mãe sempre equilibrou discrição e polidez, com esclarecido posicionamento político e luta pelos seus direitos. Não me canso de relembrar as manifestações em que íamos juntos, quando era criança. Aos nove anos, já era um cara pintada junto com minha mãe e nesta idade tomei a maior chuva da minha vida fugindo da tropa de choque do Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, quando lutávamos por pagamento em dia para os professores.

Dona Adélia – como meu pai faz questão de apresentá-la – não vê a cara de quem a está aconselhando, apenas escuta humildemente o conselho. Esta característica a torna diferenciada, humilde e minha melhor amiga. Ao escutar um filho com atenção, faz dele importante, faz de si autocrítica e faz de nossa família um ambiente melhor.

Se a evolução me mete medo por nos aproximamos do fim, minha mãe evolui ao propor recomeços estáveis, maduros e seguros. Dentro de seu exemplar casamento de mais de três décadas, a retidão moral e a reinvenção me provaram, por diversas vezes, que relacionamento não pode ser mistificado e que o coração de minha mãe é fundamentalmente dependente do bem estar de seu companheiro.

Na casa de meus pais, por posicionamento óbvio de minha mãe, nunca entrou CD pirata, “gatonet”, esquema, jeitinho, produto falsificado, dentre outros. Minha mãe nunca usou o vocábulo honestidade para a criação de seus filhos, mas vive a honestidade para manter o brilho nos olhos, para olhar olho no olho das pessoas e para se equilibrar neste mundo tão desequilibrado.

sábado, 20 de outubro de 2012 | By: Rodrigo Pael

O Capitalismo doutrina a nova classe média


Nos últimos 10 anos, o Brasil presenciou uma extraordinária mobilidade social com a ascensão de cerca de 40 milhões de pessoas, que saíram da linha da pobreza. Ao comemorar este feito, o capitalismo inicia a inserção desta nova classe média na escola que formou nossa elite exibicionista, preconceituosa e sem educação financeira.

Hoje, na hora do almoço, fui a um restaurante em uma região administrativa do DF e, ao pagar a conta, fui surpreendido pelo aumento do valor do quilo do alimento. Há um mês, o estabelecimento cobrava menos de R$ 40,00 pelo peso e agora cobra quase R$ 50,00. Mesmo com este crescimento, percebi que a fila para entrar no restaurante aumentou muito, assim como a espera para pagar o almoço. Ou seja, mesmo com essa inflação apenas vivida por este restaurante, o público, engrossado pela ascensão social, continua crescendo sem critérios e sem exigir a melhoria na qualidade dos serviços ofertados.

O valor do quilo não sofreu apenas um aumento abusivo, mas também está fora do contexto até mesmo se comparado a bons restaurantes da região central da Capital Federal. Quem vive e trabalha em Brasília sabe que com menos de R$ 50,00 poderá realizar uma refeição festiva em bons estabelecimentos. A comparação entre restaurantes pode ser realizada também em lojas de roupas, sapatos, utensílios domésticos, dentre outros. O capitalismo doutrina a nossa nova classe média para que ela reproduza os erros históricos de nossa elite.

A elite brasileira não é culta, mas sim metida e preconceituosa. Ela não se destaca, mas se separa, colocando obstáculos para uma maior interação, como se fosse diferente biologicamente de outras classes sociais. Sabemos hoje, por meio da imprensa estrangeira, que os ricos – chamados de burros nas linhas das reportagens – compram carrões de luxo três vezes mais caros que os vendidos nos Estados Unidos ou na Europa. Exibicionismo.

Os ricos do Brasil viajam para países sem saber a exata localização geográfica ou a história desses locais, leem pouquíssimo e produzem uma juventude sem limites – que abusa de álcool e de drogas (financiando a violência da periferia), amorais e hipócritas, que não se destacam na academia, não produzem o novo, sem assunto e sem planos, e assistem inerte as mudanças sociais.

O futuro que se avizinha é uma classe média muito semelhante a esses ricos, porém ainda pior, desmobilizada politicamente, formando uma massa amorfa dada a misticismos e desejosa por repetir a aparência, a gastança e os preconceitos da elite. Mesmo porque se revoltar com o preço de um restaurante por quilo “é coisa de pobre”.   
segunda-feira, 1 de outubro de 2012 | By: Rodrigo Pael

O Leilão da Virgindade e a falta de assunto


O mal da falta de assunto não acomete apenas a mídia, mas também a massa de jovens retratada por ela. Na noite deste domingo (30), em um programa jornalístico na rede Record, assisti o esforço hercúleo de um repórter tentando construir uma matéria razoável, ao entrevistar a jovem brasileira que resolveu leiloar a virgindade.

Como a pauta e a fama espontânea e efêmera da moça são alicerçadas pelo único evento do leilão, o que poderia tornar o vídeo interessante seria a possibilidade de a personagem ser alguém diferenciada, com uma causa ou um conteúdo diferenciado. Não foi o que aconteceu. A menina, que afirma nunca ter tido relação sexual, resolveu leiloar sua virgindade por falta de assunto.

A estratégia tem um apelo midiático, pois faz parte de um reality show que pretende cobrir a primeira relação sexual da brasileira, desde o cadastramento da moça no endereço eletrônico da promoção, até o final da experiência, que deve ocorrer dentro de um avião em trânsito para se evitar entraves legais.

Além do valor financeiro obtido pela “compra do produto” – como a própria personagem afirma –, os produtores receberão vultosas somas pela ideia, produção e cobertura do evento, sem ao menos ter que desembolsar para pagar a principal atração. A jovem, depois de desembarcar da aeronave, pelo que demonstrou no programa da TV Record, também desembarcará da atenção da mídia, relegada ao ostracismo de portais de notícias triviais menores.

A busca da moça é – pelo vazio em sua vida real – se transformar em imagem midiática na sociedade do espetáculo. Estamos na era da velocidade, da interatividade, dos emissores que são receptores e do carinho falso dos meios de comunicação. Porém, caso não consigamos sustentar a imagem, o regresso a falta de assunto pode ser danoso e patológico.
domingo, 9 de setembro de 2012 | By: Rodrigo Pael

Democracia, o acerto


Antes de ser católico, taurino, de esquerda e principalmente corinthiano, sou apaixonado pela democracia, pelas disputas eleitorais e pelo valor da comunicação neste processo. Por vezes, são os instrumentos comunicacionais que dão beleza a estes processos, bem como evidenciam suas agruras.

Defendo que a população sempre acerta nas eleições presidenciais, mesmo quando minha paixão ou minha razão escolheram estar do lado perdedor. Acredito que o eleitor acertou quando elegeu, em 1989, Fernando Collor de Melo, em detrimento de Luiz Inácio Lula da Silva em um segundo turno apertado. A essa altura, com seis anos de idade, torcia fervorosamente pelo nosso eterno caudilho Leonel de Moura Brizola.

Eu era um pequeno militante do PDT por influência do meu pai, gaúcho e salvo por políticas educacionais implantadas no Rio Grande do Sul pelo líder da campanha da legalidade. Esse partido que serviu de casa, no início da vida política, da então ex-guerrilheira Dilma Vana Rousseff.

A vitória de Collor foi importante para o Brasil. Foi com ele que tivemos o início de nossa abertura econômica. Antes do hoje senador pelo estado do Alagoas, o País era mais fechado que alguns do Leste Europeu. Mas confesso que ainda criança participei e vibrei com as manifestações populares que marcaram a sua queda.

O destino nos presenteou com Itamar Franco, um democrata que soube concatenar as forças políticas, dialogou com os diversos setores e impediu qualquer levante autoritário, conduzindo o País para um tranquilo pouso em uma segunda eleição de uma jovem democracia.

Também, na atualidade, jugo fundamental a eleição e a manobra golpista que deram a Fernando Henrique Cardoso oito anos de mandato. Foi no governo tucano que conquistamos a estabilidade econômica, vencemos a hiperinflação e realizamos reformas importantes como a capitalização de bancos, o desmembramento dos bancos estaduais com os respectivos executivos, a lei de responsabilidade fiscal, políticas acertadas no combate a Aids, o barateamento dos remédios por meio dos genéricos e privatizações importantes como a das telecomunicações, inegavelmente um sucesso. Nessa época, já torcia pelo Lula.

Minha torcida explodiu de alegria em 2002, quando comemorei a posse do operário do Partido dos Trabalhadores como presidente da República. A vitória de Lula foi significativa. Simbolizou a realização de um homem de origem pobre e deu a possibilidade para uma inversão de prioridades, da econômica para o social, possibilitando uma gigantesca mobilidade social, com mais oportunidades em escolas técnicas e universidades, bem como o crescimento da oferta de empregos.

Fui motivado a escrever sobre esse tema pelo bate boca público entre o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e a presidenta Dilma Rousseff. Aquele, por meio de artigos em jornais; esta, por nota oficial, avaliando de maneira partidária e diferente a herança deixada por Lula.

Porém, o que me chamou a atenção foi a matéria da Veja desta semana (08/09). A revista não me inspira nenhuma confiança, mesmo assim, com outras palavras, ela expôs o que defendi no início deste texto. Ou seja, que “o povo sempre acerta”, que o país avançou e nossas conquistas são frutos da democracia, que nos proporciona liberdades e limites.
domingo, 26 de agosto de 2012 | By: Rodrigo Pael

Operador de GC e a definição da linha editorial


Ao assistir aos boletins noticiosos da GloboNews neste sábado, fiquei atento a um determinado gerador de caracteres (GC), que dava título à uma matéria: “Polícia vai investigar irregularidades em obras do PAC”. Porém, o que eu assistia no VT se apresentava em minha televisão como outra coisa.

O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) foi o carro chefe do segundo mandato do Governo Lula e ajudou a eleger a sua sucessora. Dilma Roussef, dentre outras características, se destacou na gerência do PAC e foi eleita presidenta em 2010. O Programa tem como foco investimentos em infraestrutura e é dividido em áreas temáticas e etapas.

Na atualidade, estamos vivenciando os resultados da segunda etapa do PAC, em áreas como estradas, máquinas, construção de creches, praças de lazer, saneamento básico e moradias. Este último item corresponde a uma promessa de campanha e recebe o nome de Minha Casa, Minha Vida.

Neste momento, não estou fazendo propaganda política e nem defesa de nada, apenas explicando, com informações institucionais, o que é o PAC.

A matéria telejornalística que me referia no começo deste texto retratava casos onde moradores de casas populares do Rio de Janeiro – construídas com recursos do subprograma Minha Casa, Minha Vida, pertencente ao PAC – estavam vendendo ou alugando suas moradias, antes do prazo estabelecido de quatro anos.

Na minha cabeça, milhares de frases substituiriam aquele GC infeliz. Frases mais honestas, mas corretas jornalisticamente. O GC faz parte da matéria e do jornalismo. Neste caso, ou demonstrou um equívoco profundo, ou uma linha editorial parcial, com objetivos escusos. Será que o operador de GC foi punido?

As grosseiras edições nos debates das eleições de 1989 agora migram, sorrateiramente, de forma envergonhada e covarde para as linhas dos GC’s do canal de TV por assinatura de notícias do Grupo Globo. Aparentes pequenos erros como este, mais que um indício de tendência político eleitoral, fere o jornalismo, descredencia a comunicação, aranha a credibilidade e evidencia lacunas na democracia. 
domingo, 13 de maio de 2012 | By: Rodrigo Pael

Construindo relações sustentáveis


Digo: relações fraternas, profissionais, amorosa, dentre outras...

A edificação de relações sustentáveis e perenes depende fundamentalmente de um alicerce óbvio: a verdade. É a verdade e a prática da sinceridade ética, pautadas pelo amor a si e aos outros que proporciona longevidade de relação com os quais pretendemos mantê-la. Até aqui, nada de novo, mas as grandes questões são: como garantir a empregabilidade da verdade e a sua qualidade?

A ciência, na ânsia de investigar a ordenação do cosmo organizado por Deus –  como bem descreve o Genesis, na escritura cristã –, nos empresta, dentre outras ferramentas para a tradução da verdade, a metodologia. A aplicabilidade de um conceito é garantida pela metodologia a ser empreendida. A verdade, quanto conceito, pode ser aprisionada enquanto metodologia, para ser empregada no objeto relações sustentáveis.

Para a aplicação desta metodologia tem de haver uma preparação ética, estética e ontológica. É fundamental que exista uma preparação espiritual para sair de casa, todas as manhãs. Esta preparação fará com que enxerguemos o nosso outro como iguais e as diferenças serão dissipadas gradativamente. A busca utópica da ausência de diferenças na relação de alteridade é diretamente proporcional ao crescimento de relações mais harmônicas.

Ao priorizar a harmonia, a sinceridade no olhar, a linguagem corporal e as palavras ganham contorno de sensibilidade. As reações passam a seguir a lógica do amor com um único objetivo: expressar o que verdadeiramente fará bem ao outro. Sem enganações, carinhos exacerbados, falsos elogios, puxassaquismos, apenas aquilo que o outro verdadeiramente precisa, pede e somos capazes de ofertar.

No cotidiano destas relações – sendo fraternas, profissionais e de algum modo afetivas –, por mais que, por fatores geográficos ou de agenda, não seja possível a prática de atividades correlatas aos sentimentos e ao tipo de relação, os laços que ligam dois entes estarão robustos o suficiente para manter o vínculo.

Nenhuma metodologia funcionará se incorrermos em deslizes éticos. O pior deles é o distanciamento entre aquilo que somos e aquilo que ensejamos aparentar. Como na ciência há espaço para adequarmos nossos trabalhos mediante a natureza do objeto, no amor, existe a possibilidade de amarmos, do jeito que somos, mas sempre buscando a verdadeira espontaneidade. 
segunda-feira, 30 de abril de 2012 | By: Rodrigo Pael

O Fascínio da Semiótica


Quem estuda semiótica não precisa usar entorpecente. Não que eu os tenha experimentado, nem beber eu bebo.

Com esta frase, explico minha adoração pela ciência que me fez mestre e me deixa mais em dúvida do que me traz respostas. Porém, hoje sei que não poderia viver sem essas dúvidas.

De complexidade elevada, a semiótica estuda os signos, ou seja, aquilo que colocamos no lugar dos objetos para a ele nos referirmos de forma social, cultural e antropologicamente. Para a construção deste signo, uma história ancestral percorreu milhares de anos – ora por panos, sedas, hóstias e papiros; ora por este órgão imaterial que chamamos de memória.

Todo este arcabouço de eventos nos traz uma sistemática de como ocorre o processo de interpretação e leitura das coisas – e até das não coisas –, como defende Flusser e o professor Norval Baitello. Entre nós e a “realidade” existe um espaço por onde percorre nuvens de significados e cada um, particularmente, a enxerga de uma forma, respeitando seu repertório.

Estudar este processo, por meio das três escolas (americana, francesa e russa) é se tornar mais cético referente a alguns fenômenos, ao mesmo tempo em que é entender a “energia semiótica” (BAITELLO). 

“E por que estudar essas coisas, meu filho? Tem respostas que eu prefiro não ter”, argumenta minha mãe, quando debatemos religião pela perspectiva da Semiótica da Cultura. É para obter respostas nas dúvidas! É para entender a consistência dessa nuvem de significados que nos rodeia.

A potência dessas informações é encontrada tanto em autores que me formaram, como os já citados – somados com V.V. Ivanov, I. Lotman, I. Bystrina, Jerusa Pires Ferreira, Lúcia Santaella, R. Jakobson, Pross –, quanto também naqueles que, na atualidade, me deliciam com suas obras ficcionais, mesmo sendo estudiosos dessa ciência, como Umberto Eco.

A magia sensorial e filosófica de entender este processo é perceber até que ponto o ser humano foi capaz de construir estratégias, símbolos, ícones e índices, sistematizá-los em texto culturais e, a partir desta construção, tentar interpretar até o intangível e o sobrenatural.
Para aqueles que mergulham nessa empreitada, desejo lucidez, alegria e força, na certeza de, depois de iniciada esta viagem, nunca mais serem os mesmos.
sábado, 21 de abril de 2012 | By: Rodrigo Pael

A criatividade não é produção espontânea

Sempre me julguei como alguém com uma determinada limitação criativa. Esta aparente humildade em reconhecer uma limitação, na verdade, eclipsava um traço de minha personalidade ensimesmada. Não adotava a habilidade de recursos criativos por não me oportunizar o contato com o novo. A criatividade não é uma produção espontânea.

No universo da blogosfera, se multiplicam os espaços gratuitos que proporcionam a exposição de opiniões e debates, porém, por vezes, as colocações são única e exclusivamente posicionamentos particulares, subjetivos e que não nos remetem a algo novo, conclusivo ou edificante. Por vezes, são apenas reflexos de uma superficial subjetividade.

Para os meus alunos dos cursos de comunicação, incentivo a criação de blogs e perfis em redes sociais. Acredito que o aluno de comunicação, além de estar “linkado” com essas inovações, tem que se expor, analisar o cotidiano e a contemporaneidade. A formação acadêmica em comunicação, mais que técnicas, fornece um aparato de instrumentos para um diagnóstico geral e a obrigação de traçar cenários futuros.

Mesmo incentivando esta exposição, alerto que nada de bom sairá de alguém em que nada de bom entrou, seja por meio da observação, mas principalmente da leitura, ou de cursos, filmes e conversas com pessoas que leem muito, ou seja, do contato com o novo, por meio, necessariamente, de publicações.

A exposição é fundamental, te faz conhecido e pode contribuir com alguém em relação a alguma coisa. Estes exercícios são imprescindíveis para aqueles que se consideram seus próprios negócios e patrimônios – como acontece comigo, por isso sustento meu blog e os meus perfis.

Já no ambiente profissional, por vezes, patrões, chefes e líderes cobram respostas criativas de seus funcionários, quando da oportunidade de gerir uma crise, ou no contato com alguma inovação. Porém, será que esses mesmos mandatários estão possibilitando que seus subalternos tenham contato com o novo, com o diferente?

Para identificar se isto ocorre é simples e alguns questionamentos podem ajudar: quantos e quais livros os seus funcionários leram nos últimos quatro meses? Seus funcionários participaram de algum curso, capacitação, especialização, palestra, congresso, neste período? Para encerrar, o patrão libera e incentiva essas práticas?

Caso a resposta da última pergunta seja não, apenas com muito boa vontade as respostas dos questionamentos anteriores serão animadoras. Se não houver possibilidade de contato com o novo, não haverá respostas criativas, pois a criatividade não nasce do nada e sem um aparato renovado periodicamente de conhecimentos.
sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012 | By: Rodrigo Pael

Os formatos e os prazos de validade

Quando terminei de ler o último livro de Dan Brow, “O Símbolo Perdido”, há alguns anos, me dei conta que alguns formatos efetivamente têm prazo de validade – se não todos. Li tudo publicado pelo autor. Sempre um romance policial divertido, que finaliza com ilações sobre possíveis significados de signos e uma leve história de amor. Dan Brow escreve livros divertidíssimos, mas o formato cansou. Acredito que o mesmo esteja acontecendo com alguns programas de televisão.

O Big Brother Brasil estreou há 12 anos como retumbante sucesso. Conquistava de curiosos até pessoas interessadas no comportamento humano em condições específicas. Uma estimulação midiática. Na sua trajetória, recebeu críticas de intelectuais e foi até tema de trabalhos científicos. Assisti diversas edições do programa, achei algumas um pouco sem graça, já torci por heróis forjados e odiei vilões verdadeiros.

Tenho a forte impressão que aqueles que estudam marketing pessoal, ou até mesmo político, conseguiram extrair do programa, por diversas vezes, verdadeiras aulas de gerenciamento de crises, carisma e construção de personagens. Porém, nas últimas edições, esses personagens estão extremamente estereotipados e não conseguem se sustentar na vida real.

Percebo que os diretores estão, cada vez mais, interferindo nessas construções de personagens e trazendo às telas um Rio de Janeiro de baladas, distante da realidade, até mesmo da juventude de qualquer outro lugar do país. Com a repetição desta fórmula, o programa fica repetitivo e fraco, possibilitando os acontecimentos mais recentes, que ganharam as manchetes de jornais voltados a outros públicos.

Um desses acontecimentos me chamou atenção pela necessidade da intervenção de um braço do Estado para averiguar acontecimentos do programa. Quando uma jovem que aparentemente bebeu de mais e foi dormir com outro jovem, que também ingeriu bebida alcoólica, e obviamente fizeram sexo embaixo do edredom.

A direção da TV, em uma atitude obviamente machista, resolveu expulsar o jovem do programa por atitude inadequada, sugerindo que o rapaz teria estuprado a moça incapaz. Defendo que foi uma atitude machista por ter certeza que, na atualidade, ambos os gêneros tem o mesmo conhecimento sobre bebidas alcoólicas e sexo e de que há consequências dessa mistura, na frente ou atrás das câmeras.

Tudo isso me faz crer que o formato, assim como o das histórias contadas por Brown, atingiram seus prazos de validade, mas os espaços em nossas mentes e na mídia foram criados. Quero crer que esses espaços sejam ocupados por produções melhores, inteligentes e igualmente divertidas.