sábado, 20 de novembro de 2010 | By: Rodrigo Pael

A República da Decoreba

O Brasil está virando uma verdadeira República da Decoreba. A primeira pessoa que vi evidenciar os malefícios da multiplicação dos concursos públicos no País foi o ex-deputado federal e presidente do PTB, Roberto Jefferson, não que o carioca deva ser citado sempre, pelo contrário, mas esta particular análise procede.
Há algumas semanas fui para Campo Grande (MS) e lá recebi um telefonema de um grande amigo, que hoje mora em Porto Alegre (RS), discutimos sobre a busca pela estabilidade financeira proporcionada pelo funcionalismo estatal, foi neste momento que fui lembrado da observação de Jefferson.
Acredito que a ampliação de concursos responde a uma demanda programática e idearia do atual governo, aumentar o tamanho do estado e capilarizar as ações públicas, regularizando o trabalho de funcionários do estado e aproximando os direitos à serviços, daqueles que mais necessitam. Sou partidário desta intenção, mas acredito que algumas ressalvas devem ser feitas.
Em nível nacional, diversos talentos não serão descobertos, ou não produzirão o que poderiam para o país porque escolheram buscar a estabilidade do concurso. Muitas intelectualidades podem, neste momento, estarem condenando, a si próprios, à funções técnicas que não os estimularão em suas potencialidades, mesmo essas funções sendo de fundamental importância.
Imagino que gênios da matemática podem estar agora, a disposição da manutenção de computadores em repartições públicas, que possíveis doutrinadores da ética podem estar analisando processos intermináveis e burocráticos e ainda, biólogos revolucionários podem estar a caminho da fiscalização de parques ambientais.
Na mesma lógica, está sendo criada uma elite dos concursados, que adquirem maior importância social por meio do acumulo de informações, por vezes, por meio da decoreba. Esta casta acaba também sendo imponderada a realizar tarefas que os concursos não a preparou.
Ouvi esses dias um desabafo de uma servidora em cargo comissionado do PNUD - Programa das Nações Unidas – que prestava serviço para o Inep, órgão do Ministério da Educação, responsável, dentre outras tarefas, para a formulação do ENEM, o exame do ensino médio. A funcionária, que não quis se identificar, relatou que em 2009, quando assumiram os concursados na instituição, ela e seus colegas comissionados, se colocaram a disposição dos recém chegados para passar experiências, ninguém se prontificou, e desde então, o ENEM vem apresentando falhas.
A intenção aqui não é imputar culpas, mas sim demonstrar que a prova de concurso não garante eficiência, que a estabilidade não garante realização e que você, talvez tenha um papel muito maior a prestar.

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