domingo, 9 de setembro de 2012 | By: Rodrigo Pael

Democracia, o acerto


Antes de ser católico, taurino, de esquerda e principalmente corinthiano, sou apaixonado pela democracia, pelas disputas eleitorais e pelo valor da comunicação neste processo. Por vezes, são os instrumentos comunicacionais que dão beleza a estes processos, bem como evidenciam suas agruras.

Defendo que a população sempre acerta nas eleições presidenciais, mesmo quando minha paixão ou minha razão escolheram estar do lado perdedor. Acredito que o eleitor acertou quando elegeu, em 1989, Fernando Collor de Melo, em detrimento de Luiz Inácio Lula da Silva em um segundo turno apertado. A essa altura, com seis anos de idade, torcia fervorosamente pelo nosso eterno caudilho Leonel de Moura Brizola.

Eu era um pequeno militante do PDT por influência do meu pai, gaúcho e salvo por políticas educacionais implantadas no Rio Grande do Sul pelo líder da campanha da legalidade. Esse partido que serviu de casa, no início da vida política, da então ex-guerrilheira Dilma Vana Rousseff.

A vitória de Collor foi importante para o Brasil. Foi com ele que tivemos o início de nossa abertura econômica. Antes do hoje senador pelo estado do Alagoas, o País era mais fechado que alguns do Leste Europeu. Mas confesso que ainda criança participei e vibrei com as manifestações populares que marcaram a sua queda.

O destino nos presenteou com Itamar Franco, um democrata que soube concatenar as forças políticas, dialogou com os diversos setores e impediu qualquer levante autoritário, conduzindo o País para um tranquilo pouso em uma segunda eleição de uma jovem democracia.

Também, na atualidade, jugo fundamental a eleição e a manobra golpista que deram a Fernando Henrique Cardoso oito anos de mandato. Foi no governo tucano que conquistamos a estabilidade econômica, vencemos a hiperinflação e realizamos reformas importantes como a capitalização de bancos, o desmembramento dos bancos estaduais com os respectivos executivos, a lei de responsabilidade fiscal, políticas acertadas no combate a Aids, o barateamento dos remédios por meio dos genéricos e privatizações importantes como a das telecomunicações, inegavelmente um sucesso. Nessa época, já torcia pelo Lula.

Minha torcida explodiu de alegria em 2002, quando comemorei a posse do operário do Partido dos Trabalhadores como presidente da República. A vitória de Lula foi significativa. Simbolizou a realização de um homem de origem pobre e deu a possibilidade para uma inversão de prioridades, da econômica para o social, possibilitando uma gigantesca mobilidade social, com mais oportunidades em escolas técnicas e universidades, bem como o crescimento da oferta de empregos.

Fui motivado a escrever sobre esse tema pelo bate boca público entre o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e a presidenta Dilma Rousseff. Aquele, por meio de artigos em jornais; esta, por nota oficial, avaliando de maneira partidária e diferente a herança deixada por Lula.

Porém, o que me chamou a atenção foi a matéria da Veja desta semana (08/09). A revista não me inspira nenhuma confiança, mesmo assim, com outras palavras, ela expôs o que defendi no início deste texto. Ou seja, que “o povo sempre acerta”, que o país avançou e nossas conquistas são frutos da democracia, que nos proporciona liberdades e limites.

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