segunda-feira, 30 de abril de 2012 | By: Rodrigo Pael

O Fascínio da Semiótica


Quem estuda semiótica não precisa usar entorpecente. Não que eu os tenha experimentado, nem beber eu bebo.

Com esta frase, explico minha adoração pela ciência que me fez mestre e me deixa mais em dúvida do que me traz respostas. Porém, hoje sei que não poderia viver sem essas dúvidas.

De complexidade elevada, a semiótica estuda os signos, ou seja, aquilo que colocamos no lugar dos objetos para a ele nos referirmos de forma social, cultural e antropologicamente. Para a construção deste signo, uma história ancestral percorreu milhares de anos – ora por panos, sedas, hóstias e papiros; ora por este órgão imaterial que chamamos de memória.

Todo este arcabouço de eventos nos traz uma sistemática de como ocorre o processo de interpretação e leitura das coisas – e até das não coisas –, como defende Flusser e o professor Norval Baitello. Entre nós e a “realidade” existe um espaço por onde percorre nuvens de significados e cada um, particularmente, a enxerga de uma forma, respeitando seu repertório.

Estudar este processo, por meio das três escolas (americana, francesa e russa) é se tornar mais cético referente a alguns fenômenos, ao mesmo tempo em que é entender a “energia semiótica” (BAITELLO). 

“E por que estudar essas coisas, meu filho? Tem respostas que eu prefiro não ter”, argumenta minha mãe, quando debatemos religião pela perspectiva da Semiótica da Cultura. É para obter respostas nas dúvidas! É para entender a consistência dessa nuvem de significados que nos rodeia.

A potência dessas informações é encontrada tanto em autores que me formaram, como os já citados – somados com V.V. Ivanov, I. Lotman, I. Bystrina, Jerusa Pires Ferreira, Lúcia Santaella, R. Jakobson, Pross –, quanto também naqueles que, na atualidade, me deliciam com suas obras ficcionais, mesmo sendo estudiosos dessa ciência, como Umberto Eco.

A magia sensorial e filosófica de entender este processo é perceber até que ponto o ser humano foi capaz de construir estratégias, símbolos, ícones e índices, sistematizá-los em texto culturais e, a partir desta construção, tentar interpretar até o intangível e o sobrenatural.
Para aqueles que mergulham nessa empreitada, desejo lucidez, alegria e força, na certeza de, depois de iniciada esta viagem, nunca mais serem os mesmos.

1 comentários:

Anônimo disse...

Geralmente quem estudo sobre os signicados, acaba abandonando a religião. Como você consegue estudar a formação desses significados sem abandonar a igreja catolica ricas simbolos, muitos criados com objetivo de calar a verdade. Também sou católico praticante, já vi muita gente abandonar a igreja depois de estudar materias relacionadas.

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