segunda-feira, 4 de julho de 2011 | By: Rodrigo Pael

Política: a crise das facilidades

Já evidenciados por cientistas políticos e pesquisadores de outras áreas, dois fenômenos estão balizando a prática política ao redor do mundo: a influência de fatores místicos e sobrenaturais e a diminuição das oposições. O primeiro fator descreve a influência de elementos religiosos na mobilização de agentes políticos; o segundo, o enfraquecimento da politização, do contraditório e de projetos e discursos alternativos.
As administrações políticas passam por um momento diferenciado em diversas partes do mundo e em especial no Brasil. Existe uma estabilidade econômica e democrática, possibilitando a continuidade de projetos parecidos e a solidificação de uma sensação de bem estar. Aparentemente, um mar de rosas. Dois acontecimentos, porém, apresentam os indícios das limitações que governantes e administradores públicos vão enfrentar em um futuro próximo: a crise das facilidades.
Na capital de meu Estado, Mato Grosso do Sul, o prefeito Nelson Trad Filho, exigiu que seu secretariado assinasse uma carta de demissão, documento que seria publicado no diário oficial, caso os titulares das pastas não atendessem às demandas pontuadas. Na verdade, a ampla aliança que sustenta o prefeito de Campo Grande abriga diversas lideranças políticas com identidades públicas e aspirações particulares. Com a proximidade das eleições municipais, essas intenções individuais estão ganhando mais contorno. Uma robusta aliança, que era para ser sinônimo de facilidades administrativas, está em crise.
Outra situação, que também se caracteriza como crise das facilidades, é o caso da proximidade do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, com empresários e empreiteiros com contratos milionários. Cabral admite o problema ético e a imprensa denuncia as viagens de helicóptero ofertadas ao governador.
Ambos os administradores públicos vivem a principal crise política de suas vidas. Os problemas enfrentados poderiam vir de uma oposição propositiva, da mobilização popular, da luta democrática, mas não. As crises descritas são oriundas do conforto, da estabilidade, das facilidades.
Essas derrapadas na política nos servem como exemplo. O exercício da ética e a continuidade do bem-estar são trabalhosos. É fundamental estarmos vigilantes, principalmente em tempos de calmaria. A atenção serve para os agentes políticos e servem também para a gente.

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