domingo, 9 de outubro de 2011 | By: Rodrigo Pael

Ético: modo de fazer

Este texto nasceu em uma conversa entre minha namorada e eu. Em meio a inúmeras declarações, reafirmava que o principal aspecto que compõe a beleza de seu comportamento é a forma com que ela tem de ser naturalmente ética. Para quem ainda não fez nenhum tipo de autocrítica, pode parecer óbvio que a ética nasça de um comportamento natural. Para esses, eu respondo: não necessariamente.

Em minhas parcas observações e minhas experiências, percebo que existem duas maneiras de ser ético: a natural e a vigilante. Mas antes de entrar nas formas de executar, vamos aos conceitos do que é a ética.

Ética é a avaliação particular de valores morais. São as escolhas que fazemos individualmente. Ainda existem outras modalidades da ética como, por exemplo, a profissional, que é quando, de maneira classista, definimos um código de condutas pertinentes àquelas atividades.

Mas voltando a falar da execução da ética, o que me impressiona nas pessoas que são naturalmente éticas é que, para elas, não existem escolha, meditação, raciocínio lógico para chegar a uma conduta acertada. Para esses indivíduos, existe o óbvio, a sensação e a emoção do que está certo e do que está errado. Existe uma verdadeira fluidez a caminho da conduta, com espírito público e retidão de caráter.

Porém, nem todas as pessoas nasceram assim. Por questões genéticas, comportamentais, culturais ou filosóficas, muitas são levadas a instantes de julgamento antes de qualquer tipo de ação. Esses julgamentos são centésimos de segundos, quando passam pelas mentes interesses, malícias, estratégias e o indivíduo no centro da questão. É neste momento que podemos não ser éticos.

Muitos podem ler este texto e acreditarem que são naturalmente éticos, para estes eu digo: vão em frente e gozem o mundo de leveza que a naturalidade da ética vai lhes proporcionar. Outros ainda não perceberam que realmente preservam, em seus interiores, um nível de malícia e esperteza. Essas características fazem os olhos secarem frente às oportunidades, fazem titubear ao escolher o caminho correto.

Para aqueles que ficaram preocupados e realizando um profundo auto-julgamento, quero falar que vocês já estão no caminho certo. A preocupação, em doses corretas, nos faz ficarmos mais vigilantes, atentos, na busca pelo ideal da ética. Este é o objetivo mais nobre que podemos seguir.

Por vezes, fazemos algo que não é correto, mas o amanhecer nos proporciona duas situações incríveis: a possibilidade de consertar e a possibilidade de não fazer mais. O ético que tem de ser vigilante para sê-lo é um vencedor exausto. Com ele, as coisas não são sensações e emoções. As coisas são sempre, sempre, sempre pensadas.

Ficar atento e vigilante para ser ético é estafante. Tem de se estar atento em cada situação – das mais triviais, às mais decisivas. Cansa, preocupa, causa julgamentos internos terríveis, mas vale à pena.

Parabéns aqueles que são éticos de forma natural. Mas parabéns mesmo aos incansáveis éticos vigilantes, que dormem com um olho fechado e o outro aberto para vigiar até seus sonhos.

4 comentários:

Demócrito disse...

Ser ético é ir muito além das barreiras da moralidade e da certeza do que é coerente ser feito ou não. O texto demonstra em sua essência que devemos ser constantes... é o eterno orai e vigiai que o Mestre nos ensinou. Esta sim, é a tradução de ética ao meu humilde modo de ver as coisas. Sendo naturais, perseverantes e coerentes, traremos conosco sempre o bálsamo desta virtude que poucos possuem, mas que é de extrema necessidade para transformar pedras brutas em pedras preciosas, cintilantes e com o brilho que o Pai deseja para todos nós. Mais uma vez, parabéns pelo texto! Singelo e muito profundo.

Herbert Lago disse...

Ser ético nada mais é do que agir direito, proceder bem, sem prejudicar os outros. É ser altruísta, é estar tranqüilo com a consciência pessoal.

Chris Borba disse...

Parabéns pelos textos Professor, estava com saudades de dar uma expiadinha. Excelente como sempre. Abraços ;)

Kevin Crystopher disse...

ética: eu devo? eu quero? eu posso? É o princípio básico de julgar nossas ações diante de situações que acontecem no nosso dia-a-dia, seja na forma formal ou informal. Sempre damos aquela "escapadinha" mais sempre vem a nossa mente a auto avaliação. Sempre bom estudar e aprender mais sobre a ética.

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