quarta-feira, 14 de setembro de 2011 | By: Rodrigo Pael

Do orgulho ao perdão

Sempre propaguei que uma das semelhanças que tenho com minha mãe é a dificuldade em perdoar. Lembro dela me falando: “Não espere o meu perdão, simplesmente não erre”. A postura implacável de minha mãe perdura até hoje e é graças a ela que sou o que sou. Espero que minha genitora tenha orgulho do resultado – como diria meu irmão.

Na missa deste domingo, 11, muito foi falado sobre o perdão. Desta forma, aproveitei a oportunidade para refletir sobre a postura herdada de minha mãe. Nesta análise, encontrei, além do caráter radicalmente honesto de dona Adélia, alguns comportamentos antagônicos à sua frase de efeito descrita no primeiro parágrafo. Percebi que algumas decisões dela eram muito semelhantes ao comportamento de quem perdoa facilmente.

Rememorei quantas vezes ela teve motivo para fechar a cara, mas momentos depois estava sorrindo. Quantas vezes demonstrou humildade e arrependimento. Quantas vezes se deu por vencida, quando cercada pelo amor sincero de seus filhos.
O que mais me impressionou nesta avaliação foi perceber que a postura demonstrada por minha mãe confirma outra frase sempre repetida por mim em momentos controversos: “Orgulho é perda de tempo”.

Quando defino o orgulho como perda de tempo, é por analisar quantas vezes as pessoas, por orgulho, deixam de fazer as coisas, deixam de dar demonstrações de afeto, de carinho, de amor, deixam de correr atrás do que realmente querem. Ou seja, perdem tempo.
Sendo assim, antes tarde do que nunca, revi meus conceitos. Acredito que a falta de elasticidade dos comportamentos de minha mãe residem no campo da ética e da moralidade. Logo, e para marcar posição, ela se define como alguém que tem dificuldade em perdoar.

Na verdade, aprendi com minha mãe a ter uma memória de criança quando magoado, de superar rapidamente a mágoa pessoal. Aprendi não ter coragem de tratar alguém com falta de educação. Ela me ensinou que é possível ter comportamento de amor quando pisaram na bola conosco. É bom esclarecer: o que minha mãe não perdoa são desonestidade e mau-caratismo.
Já presenciei momentos que quando demonstrei fraqueza fui fortemente cobrado por isso. Nesta mesma oportunidade, recebi o pedido de desculpas de quem humildemente entendeu que eu não precisava de um puxão de orelha, mas sim de um colo.
Percebo que essas cobranças de minha mãe me deram um “couro duro” para aguentar a vida fora de casa – algo que não tinha como filho caçula, mimado por meus pais e pelo meu irmão mais velho. Também herdei de meu lar a revolta contra qualquer tipo de preconceito e a obrigação de perseguir uma conduta honesta.

Sou muito grato a tudo que aprendi em casa.

Revendo o significado de perdoar, percebi o quanto é divino e difícil perdoar, mas não perco tempo com mágoas quando quero telefonar ou desfrutar da companhia de alguém. Também tenho que ficar atento para não cobrar uma alta performance, que desgaste minhas relações e me impeça de ser feliz.

Na verdade, não posso cobrar do outro exatamente aquilo que estou tentando conquistar: facilidade em perdoar. Posso dizer, porém, que não perder tempo com o orgulho é um dos segredos da harmonia.

5 comentários:

Carolina Fraga disse...

muito bom! ;)

Demócrito disse...

O ato de perdoar, é acima de todas as coisas uma prova de que não nos esqueçamos do que Jesus Cristo nos disse em uma de suas passagens: "Ama a teu próximo como a ti mesmo". Amar é perdoar, é livrar-se das mazelas da carne, sendo uma delas o orgulho. Crendo, praticando e vivenciando a obra divina, certamente viveremos melhor neste planeta. Muito reflexivo o seu texto, Pael. Parabéns!

Jéssica Raíssa disse...

Esta ai uma coisa que eu falo muito para o meu namorado hehe! Não perca tempo com orgulho quando no fundo você quer perdoar ou até pedir desculpas e ficarmos bem e aproveitarmos nossos momentos. Não deixe de fazer o que você quer nem correr atras do que quer por orgulho!

Christiany Borba disse...

Posso dizer também que sou privilegiada, pois umas das coisas que não tenho é orgulho. Ja me vi muitas vezes pedindo desculpas estando certa ou errada. Não perco tempo enchendo meu coração de ranco e raiva, se o que realmente quero é paz no coração e aproveitar belos momentos, momentos esses que levarei para a vida inteira. Se me pego com esses sentimentos, logo dou um jeito de reverte-los.

Shayane disse...

O orgulho é um sentimento que faz mal não só a quem sente, mas também àqueles estão ao seu redor. Em algumas situações é muito dificil deixar o orgulho de lado e ir atrás de alguém para se desculpar ou até para ouvir um pedido de desculpas. Mas, quando fazemos isso, tem-se a sensação de que tiramos um peso da consciência.

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