domingo, 17 de abril de 2011 | By: Rodrigo Pael

Ciência acelerou o tempo, que atropela a própria ciência

Sempre gasto o que não posso quando vou à livraria ‘Cultura’, no Shopping Iguatemi (Brasília-DF). A minha intenção era apenas comprar um livro didático para a mais nova empreitada que inventei, aprender a falar francês, tentar, pela segunda vez. Porém, acabei passando pela seção de livro em comunicação, encontrei as mais recentes publicações de Norval Baitello Jr. e um desejo antigo, ‘Semiótica Russa’, de Boris Schinaiderman. Lá se foi uma grana que não poderia gastar.
Procurando com os olhos onde eu poderia gastar o dinheiro que não tinha, observei uma série de títulos que num passado muito recente faziam todo o sentido, mas hoje, qualquer adolescente descarta como obsoleto. No espaço reservado aos livros de comunicação, obras tratando da ‘blogosfera’ ou do fenômeno ‘orkut’, já foram amplamente superados pelos ‘face books’ e ‘twitteres’ da vida. O interessante é que a mesma escola de pensadores que teorizava os avanços tecnológicos, no momento de reproduzi-los no papel, já se tornam ultrapassados.
Percebo que a estratégia dos autores mais antenados com o marketing e o posicionamento de seu produto (livro teórico), no mercado, é ampliar os conceitos no título e fundar novas filosofias a cada modernidade, como: teoria das “novas mídias”, “cibercultura”, ‘dromocracia”, dentre outros. Não estou aqui fazendo juízo de valor, todos os que estão denominando suas obras desta forma são grandes mestres para mim.
O que quero evidenciar aqui é que, se você não percebeu ainda, essas coisas estão fora de controle. Neste momento estou lendo alguns autores que publicaram na década de 40, 50, 60, 70, como Vilen Flusser, por exemplo, e que ainda percebo acertos importantes quando apontavam para o futuro. Atualmente, encontro erros até naqueles que tentam desvendar o passado.
Se tínhamos a ilusão de que o homem de certa forma controlava a edificação do futuro, hoje tenho a sensação que o progresso caminha sem rédeas, sendo debatido pelas maquinas em um espaço que é pura virtualidade. O próprio Diertmar Kamper, fala sobre uma crescente abstração do corpo, aqui defendo a abstração do homem. Fico preocupado, centrado no meu famoso pessimismo, se qualquer investimento hoje, não estará retrógrado amanhã.
Nesta imersão, também reflito sobre aqueles que iniciam sua experiência intelectual hoje, o que dizer para esses jovens: ‘mergulhem na técnica rentável de como fazer’, ou ‘preparem seus espíritos para entender a vocês mesmos’? Vou rezar, como bom católico que sou, para que alguém esteja gerindo essas inexplicáveis mudanças.
Apelo a outras alternativas por perceber que, qualquer proposta de diminuir o aceleramento, além de ser antagônica é muito pouco palatável, confesso que até para mim. Mas o ser humano é incrivelmente criativo e posso ser surpreendido com formulas de prolongar a existência das coisas.

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