Os servidores do Judiciário estão há semanas em uma intensa campanha na Câmara dos Deputados para aprovação de projetos de lei que garantam o aumento dos seus salários. A campanha é composta por militantes uniformizados, faixas, panfletos, abordagem e manifestações de rua.
Aqui em Brasília é comum que profissionais de Relações Institucionais sejam contratados para organizarem e coordenarem essas campanhas. Porém, neste caso, por tentar orquestrar o maior número de ações possíveis, o relações institucionais contratado pela categoria pesou na mão.
O excesso de ações em comunicação pode acarretar em um problema estudado pelas ciências da comunicação denominado de entropia, ou seja, o entupimento dos canais comunicacionais. Acredito que os servidores do Judiciário estão enfrentando este problema.
Há semanas as mesmas "militantes" se acampam, nos dias de sessão, nos corredores onde ficam os gabinetes e solicitam audiências repetitivas com os deputados para pedir o apoio a suas causas, não se importando se o parlamentar já hipotecou apoio nas diversas reuniões anteriores.
Existe também uma estratégia digital, também coordenada por um profissional de Relações Institucionais. A cada postagem do congressista em redes sociais, dezenas de perfis fakes (falsos) comentam com discursos genéricos copiados e colados, apresentando suas demandas.
Referente a estratégia de rua, em um horário de pico, um número não muito grande de servidores fecham as vias da Esplanada dos Ministério impedindo o trânsito de ônibus e carros. Neste horário, muitos assessores de parlamentares são impedidos de irem para outros compromissos ou suas casas.
Hoje, as mesmas "militantes" dos corredores das semanas passadas, visitaram novamente os gabinetes para entregar bombons para os parlamentares.
Não foi de poucos deputados que escutei a vontade, mesmo que por troça, de não apoiarem mais a causa dos servidores do Judiciário por causa dessa insistência. A antipatia dos assessores a categoria já conquistou, pois, ao contrário do que muitos desinformados pensam, os assessores trabalham bastante e não podem a todo momento atenderem "militantes" contratados para ouvirem as mesmas coisas.
A entrega de bombons também não foi uma boa estratégia, pois, dificilmente grevistas com defasagem salarial fariam tal investimento. A intenção aqui não é debater o mérito, mas sim apontar um exemplo de entropia nas ações de comunicação em uma campanha de relações institucionais. As vezes o menos é mais.
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