Antes de ser católico,
taurino, de esquerda e principalmente corinthiano, sou apaixonado pela
democracia, pelas disputas eleitorais e pelo valor da comunicação neste
processo. Por vezes, são os instrumentos comunicacionais que dão beleza a estes
processos, bem como evidenciam suas agruras.
Defendo que a população
sempre acerta nas eleições presidenciais, mesmo quando minha paixão ou minha
razão escolheram estar do lado perdedor. Acredito que o eleitor acertou quando
elegeu, em 1989, Fernando Collor de Melo, em detrimento de Luiz Inácio Lula da
Silva em um segundo turno apertado. A essa altura, com seis anos de idade,
torcia fervorosamente pelo nosso eterno caudilho Leonel de Moura Brizola.
Eu era um pequeno militante
do PDT por influência do meu pai, gaúcho e salvo por políticas educacionais
implantadas no Rio Grande do Sul pelo líder da campanha da legalidade. Esse
partido que serviu de casa, no início da vida política, da então ex-guerrilheira
Dilma Vana Rousseff.
A vitória de Collor foi
importante para o Brasil. Foi com ele que tivemos o início de nossa abertura
econômica. Antes do hoje senador pelo estado do Alagoas, o País era mais
fechado que alguns do Leste Europeu. Mas confesso que ainda criança participei
e vibrei com as manifestações populares que marcaram a sua queda.
O destino nos presenteou com
Itamar Franco, um democrata que soube concatenar as forças políticas, dialogou
com os diversos setores e impediu qualquer levante autoritário, conduzindo o
País para um tranquilo pouso em uma segunda eleição de uma jovem democracia.
Também, na atualidade, jugo
fundamental a eleição e a manobra golpista que deram a Fernando Henrique
Cardoso oito anos de mandato. Foi no governo tucano que conquistamos a
estabilidade econômica, vencemos a hiperinflação e realizamos reformas
importantes como a capitalização de bancos, o desmembramento dos bancos
estaduais com os respectivos executivos, a lei de responsabilidade fiscal,
políticas acertadas no combate a Aids, o barateamento dos remédios por meio dos
genéricos e privatizações importantes como a das telecomunicações,
inegavelmente um sucesso. Nessa época, já torcia pelo Lula.
Minha torcida explodiu de
alegria em 2002, quando comemorei a posse do operário do Partido dos
Trabalhadores como presidente da República. A vitória de Lula foi significativa.
Simbolizou a realização de um homem de origem pobre e deu a possibilidade para
uma inversão de prioridades, da econômica para o social, possibilitando uma gigantesca
mobilidade social, com mais oportunidades em escolas técnicas e universidades,
bem como o crescimento da oferta de empregos.
Fui motivado a escrever
sobre esse tema pelo bate boca público entre o ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso e a presidenta Dilma Rousseff. Aquele, por meio de artigos em jornais;
esta, por nota oficial, avaliando de maneira partidária e diferente a herança
deixada por Lula.
Porém, o que me chamou a
atenção foi a matéria da Veja desta semana (08/09). A revista não me inspira nenhuma
confiança, mesmo assim, com outras palavras, ela expôs o que defendi no início
deste texto. Ou seja, que “o povo sempre acerta”, que o país avançou e nossas
conquistas são frutos da democracia, que nos proporciona liberdades e limites.
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