Quando terminei de ler o último livro de Dan Brow, “O Símbolo Perdido”, há alguns anos, me dei conta que alguns formatos efetivamente têm prazo de validade – se não todos. Li tudo publicado pelo autor. Sempre um romance policial divertido, que finaliza com ilações sobre possíveis significados de signos e uma leve história de amor. Dan Brow escreve livros divertidíssimos, mas o formato cansou. Acredito que o mesmo esteja acontecendo com alguns programas de televisão.
O Big Brother Brasil estreou há 12 anos como retumbante sucesso. Conquistava de curiosos até pessoas interessadas no comportamento humano em condições específicas. Uma estimulação midiática. Na sua trajetória, recebeu críticas de intelectuais e foi até tema de trabalhos científicos. Assisti diversas edições do programa, achei algumas um pouco sem graça, já torci por heróis forjados e odiei vilões verdadeiros.
Tenho a forte impressão que aqueles que estudam marketing pessoal, ou até mesmo político, conseguiram extrair do programa, por diversas vezes, verdadeiras aulas de gerenciamento de crises, carisma e construção de personagens. Porém, nas últimas edições, esses personagens estão extremamente estereotipados e não conseguem se sustentar na vida real.
Percebo que os diretores estão, cada vez mais, interferindo nessas construções de personagens e trazendo às telas um Rio de Janeiro de baladas, distante da realidade, até mesmo da juventude de qualquer outro lugar do país. Com a repetição desta fórmula, o programa fica repetitivo e fraco, possibilitando os acontecimentos mais recentes, que ganharam as manchetes de jornais voltados a outros públicos.
Um desses acontecimentos me chamou atenção pela necessidade da intervenção de um braço do Estado para averiguar acontecimentos do programa. Quando uma jovem que aparentemente bebeu de mais e foi dormir com outro jovem, que também ingeriu bebida alcoólica, e obviamente fizeram sexo embaixo do edredom.
A direção da TV, em uma atitude obviamente machista, resolveu expulsar o jovem do programa por atitude inadequada, sugerindo que o rapaz teria estuprado a moça incapaz. Defendo que foi uma atitude machista por ter certeza que, na atualidade, ambos os gêneros tem o mesmo conhecimento sobre bebidas alcoólicas e sexo e de que há consequências dessa mistura, na frente ou atrás das câmeras.
Tudo isso me faz crer que o formato, assim como o das histórias contadas por Brown, atingiram seus prazos de validade, mas os espaços em nossas mentes e na mídia foram criados. Quero crer que esses espaços sejam ocupados por produções melhores, inteligentes e igualmente divertidas.
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