Inspirado por uma conversa sobre amenidades no ambiente de trabalho, resolvi fazer uma defesa à cueca furada. Minhas colegas me relataram que em um clube da luluzinha foi discutido o homem que se depila e a maioria votou a favor dessa prática. Apenas para esclarecer, minhas colegas demonstraram não gostar do homem sem pêlos.
Tenho muitas amigas mulheres e faço o exercício de escutá-las para ver se não estou errando como amigo, namorado, filho, dentre outros. Ouvindo a conversa na manhã de hoje, fui remetido a outras conversas de minhas amigas, que traçavam o perfil do homem ideal para elas.
A caracterização deste homem perfeito, para elas, segue o seguinte padrão: é obviamente bonito, barbeado, educado, se veste bem e com roupas de marca, bem sucedido e, até para ir dormir, adota determinado guarda roupa e uma suposta etiqueta de comportamentos na cama. O engraçado é que as moças, na época, estavam todas solteiras e reclamando da solidão.
Tudo para mim parecia bastante óbvio: este homem relatado não existia. Procurá-lo seria uma tarefa inglória, que causava desgaste e aborrecimento. Lembro-me das experiências dessas minhas amigas, quando encontravam um protótipo deste personagem – na verdade elas buscavam um personagem, não um homem de carne e osso. Sempre eram relações frustrantes, com sexualidade, mas sem intimidade e que acabavam em traição, falta de respeito e tudo isso que está na moda.
Acredito que nem homens, nem mulheres têm de construir um personagem e idealizar a relação com ele. Estipular características externas e comportamentos causa decepções. O importante é estabelecer pré-requisitos internos. Temos que procurar seres humanos bons, reais, que têm virtudes de dar orgulho, mas fragilidades que os fazem serem amparados.
Esses dias, fui criticado por mandar muitas mensagens para minha namorada: “Mulher não gosta disso”, disseram. Será? Me deu vontade de responder: “Cadê o seu namorado perfeito?” Ela estava solteira, na época. Por que até este comportamento espontâneo e apaixonado tem que ser reprimido?
Por isso, hoje escrevo em defesa da cueca furada. Em primeiro lugar, dormir, colocar alguém em sua cama, tem de ser a expressão da intimidade, mesmo que não seja para acontecer nada. Dormir junto é quando você, completamente entregue e desarmado pelo sono, está do lado de alguém na mesma situação. É muita cumplicidade para acontecer fortuitamente.
Sendo íntimos, passado os iniciais períodos da conquista e demais momentos especiais, é possível ir dormir juntinhos e gostosamente com uma cueca furada. É broxante? Perde o tesão? Para aqueles que são suficientemente íntimos, essas coisas não diminuem a libido, pelo contrário, pode até aproximar seres humanos, aproximar corpos.
Na verdade, defendo a existência do homem e da mulher, reais em suas espontaneidades. Defendo uma relação íntima. Defendo o amor.
8 comentários:
Oi Pael,
Passando só pra dizer que o blog é muito bom e que gostei principalmente dessa história da cueca furada... rsrsrsrs
Paarabéns!!!!
Thaline Sales
Adorei este texto, amor... Já te falei isso por diversos outros meios, mas queria deixar registrado aqui também!
Concordo no sentido mais amplo da expressão da palavra amor: vale cueca furada e outras "cositas" mas... Amor é amor, paixão é paixão e ponto final! Muito o bom o seu texto! Aprovado
E viva os [e as, claro] cuecas furadas!
kkkkkkkk so rindo mesmo. Adoreiiiii o blog vou passar mais vezes. De fato amor é amor, mas é válido lembrar que rotina demais estraga. E cueca furada nada mais é do que jogar na cara que a mulher não é especial, dorme de qualquer jeito. Acho que amor é vc conquistar e reconquistar todos os dias. Sere Humanos não gostam do convencional, adoram sempre estar mudando, saindo da rotina. E pro amo não faz mal estar sempre inovando. Comigo é assim, sou várias para o meu namorado, assim ele não enjôoa rsrsr.
Adorei o texto. Defendo apenas que, uma coisa é acontecer isso por descuido ou distração e outra é que isso se torne rotineiro. Intimidade é algo maravilhoso, faz com que nos sintamos confortáveis e tenhamos mais liberdade com o outro(a). Só que intimidade também não é motivo para esquecermos de "cuecas ou calcinhas apresentáveis",rs. Com alguns, é justamente esses pequenos descuidos, "buraquinhos", que desencadeiam o esquecimento de pequenos gestos, atitudes, palavras, que levam a uma relação onde a rotina estraga, como a colega citou.
Seus textos proporcionam uma leitura prazerosa.
O blog está cada vez melhor!
Essa muito boa! Lembro quando estava namorando, aquele prazer em estar sempre bem com a pessoa amada, estar bem arrumado, cabelo penteado, quando pegamos a íntimidade nos tornamos um só, usamos a famosa "cueca furada" pois me sentia seguro, mesmo a pessoa me vendo acordar com os cabelos daquele jeito!! Coisa boa...
"Temos que procurar seres humanos bons, reais, que têm virtudes de dar orgulho, mas..."
Essa é a verdade nua e crua! Excelente visão da intimindade.
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