Nos últimos 10 anos, o
Brasil presenciou uma extraordinária mobilidade social com a ascensão de cerca
de 40 milhões de pessoas, que saíram da linha da pobreza. Ao comemorar este
feito, o capitalismo inicia a inserção desta nova classe média na escola que
formou nossa elite exibicionista, preconceituosa e sem educação financeira.
Hoje, na hora do almoço, fui
a um restaurante em uma região administrativa do DF e, ao pagar a conta, fui
surpreendido pelo aumento do valor do quilo do alimento. Há um mês, o
estabelecimento cobrava menos de R$ 40,00 pelo peso e agora cobra quase R$ 50,00.
Mesmo com este crescimento, percebi que a fila para entrar no restaurante
aumentou muito, assim como a espera para pagar o almoço. Ou seja, mesmo com
essa inflação apenas vivida por este restaurante, o público, engrossado pela
ascensão social, continua crescendo sem critérios e sem exigir a melhoria na
qualidade dos serviços ofertados.
O valor do quilo não sofreu
apenas um aumento abusivo, mas também está fora do contexto até mesmo se
comparado a bons restaurantes da região central da Capital Federal. Quem vive e
trabalha em Brasília sabe que com menos de R$ 50,00 poderá realizar uma
refeição festiva em bons estabelecimentos. A comparação entre restaurantes pode
ser realizada também em lojas de roupas, sapatos, utensílios domésticos, dentre
outros. O capitalismo doutrina a nossa nova classe média para que ela reproduza
os erros históricos de nossa elite.
A elite brasileira não é
culta, mas sim metida e preconceituosa. Ela não se destaca, mas se separa,
colocando obstáculos para uma maior interação, como se fosse diferente
biologicamente de outras classes sociais. Sabemos hoje, por meio da imprensa
estrangeira, que os ricos – chamados de burros nas linhas das reportagens – compram
carrões de luxo três vezes mais caros que os vendidos nos Estados Unidos ou na
Europa. Exibicionismo.
Os ricos do Brasil viajam
para países sem saber a exata localização geográfica ou a história desses
locais, leem pouquíssimo e produzem uma juventude sem limites – que abusa de álcool
e de drogas (financiando a violência da periferia), amorais e hipócritas, que
não se destacam na academia, não produzem o novo, sem assunto e sem planos, e
assistem inerte as mudanças sociais.