Em uma co-orientação de Trabalho de Conclusão de Curso, na Instituição em que trabalho, uma jovem aluna se mostrou triste por algum motivo específico, perguntador que sou, questionei o motivo da tristeza, sendo que o trabalho corria bem e a aprovação era certa, como se confirmou semanas depois, então ela me informou: ‘queria entrar no programa de mestrado da UnB, mas o prazo já acabou’.
Por vezes, percebo que pessoas de todas as idades apresentam uma estratégia clara de vida, mas com um objetivo ainda pouco definido, há os casos que o objetivo é extremamente bem recortado, mas o projeto de vida para atingi-lo está longe do ideal. Mas aqueles que me preocupam de verdade são os que não têm, nem estratégias e nem objetivos.
Não era o caso desta orientanda. Para testar a minha tese a questionei porque ela queria entrar no programa de mestrado, a resposta foi certeira e firme, como é de sua personalidade: “quero trabalhar em assessoria de imprensa, mas também quero dar aula de jornalismo.” Para os avaliadores mais apressados, a resposta não tem nada de excepcional, porém, posso garantir que tem.
Essa moça de menos de 22 anos tem um gigantesco patrimônio nas mãos, um objetivo claro e bem definido (trabalhar em assessoria e dar aula), e uma boa estratégia (fazer mestrado). Para descobrir o diferencial desta jovem é simples, pergunte aqueles ao seu redor, qual é o objetivo de vida que pretendem alcançar e como farão para obter êxito? Eu sempre faço isso com meus alunos e as respostas, em determinadas ocasiões, me preocupam.
Quando trabalhava em uma empresa de comunicação, comecei a conversar com a secretária do diretor, estava na ante-sala a espera de uma reunião, no meio do diálogo descobri que o sonho daquela recém formada jornalista era de ser professora no curso de jornalismo, fiquei feliz pela clareza de sua meta, mas quando questionei o que ela estava fazendo para conquistar tal objetivo, frustrei-me: “especialização em organização de eventos”.
Venho percebendo que a forte inclusão de pessoas de baixa renda no meio acadêmico está proporcionando um fenômeno muito interessante: o primeiro membro da família com um curso superior. Esta criação de uma nova massa crítica é muito salutar, porém, por não conviverem em um ambiente de pessoas oriundas da academia, o próximo passo acadêmico e a formulação de planos para atingir metas, ficam comprometidos.
Para a minha jovem aluna teci meus comentários elogiosos e clamei para que ela não desistisse de suas metas. Já para a secretária do chefe, abusando da instantânea intimidade criada, a orientei a largar esta especialização e se esforçar para ser aprovada em uma pós-graduação stricto sensu. A especialização é voltada para aqueles que querem atuar no mercado em um segmento definido, para quem quer voltar para a academia, o caminho é o mestrado.
Independente de qual carreira seguir, o primeiro passo é se entender como um maravilhoso projeto que tem que dar certo. Para tanto, é fundamento se auto-conhecer, saber de suas virtudes e limitações, identificar qual diferença você quer fazer no mundo, dar nome a esta diferença por meio de uma profissão, estabelecer as estratégias, conversar com pessoas experientes e transformar cada minuto de seu dia um precioso e produtivo tempo para avançar.
Mãos à obra.